terça-feira, 18 de outubro de 2011

Nada é por Acaso


Muitos gênios da música possuem métodos e técnicas. Muitas vezes peculiares. Fico imaginando como esses hábitos surgem. Talvez uma simples fala ou ato, em um momento instantâneo da vida deles. Bem, como surgiram alguns eu não sei; mas, posso afirmar que uma dessas técnicas bastante peculiares na música eu sei muito bem como surgiu. Pois eu tive participação direta no caso, embora muitos suspeitem da sua verdade.
Há uns tempos, eu estava muito fascinado pelas grandes invenções. Pesquisei muito sobre os grandes inventores e suas invenções, como a lâmpada de Thomas Edison, a pipa de Benjamin Franklin e a dinamite de Alfred Nobel. Fui a muitas palestras ouvir sobre estes grandes inventores. Numa destas palestras acabei por conhecer o Dr. Elliot Sputnik. Elliot era um inventor fora de série, tranquilo e cabeça fresca. Sempre estava interessado em sentar e conversar com alguém.
Comecei a me familiarizar com Sputnik, descobri que gostávamos de rir e conversar sobre as mesmas coisas. Ele dizia que as invenções que criava vinham principalmente desses bate-papos com as pessoas. Eu ia regularmente à sua casa, onde ele me mostrava suas invenções e protótipos, algumas vezes bem sucedidos. Elliot também tinha um cachorro muito engraçado chamado Copérnico.
Um dia, eu estava em casa, entediado. Liguei para Elliot para saber se ele tinha alguma novidade. Ele me respondeu que tinha um elemento com o qual não estava acostumado a trabalhar e que gostaria que eu fosse até lá para ajudá-lo.
Cheguei rápido à sua casa. Logo ele me mostrou o que era que tinha mencionado ao telefone. Era uma rara poção indiana, transparente como água, e que era conhecida por ser dito que quem tomasse a poção poderia trocar de corpo com o ser vivo que a tomasse no mesmo instante. Fazia um dia muito quente, avisei Sputnik que iria pegar um copo de água na geladeira. Fui à cozinha. Voltei à sala com o copo de água e deixei-o sobre a mesa, ao lado da tal poção. Neste momento, o doutor começou a me explicar um pouco sobre uma máquina do tempo que havia construído no último final de semana. Depois da explicação, fiquei com mais sede e voltei à mesa onde havia deixado meu copo de água. Olhando para meu amigo, peguei o copo e virei até matar bem a minha sede. Estava tão interessado na história que nem notei quando um pouco da água escorreu, caindo pelo chão. O Copérnico devia estar com sede também, porque lambeu tudo, deixando o piso sequinho.
De repente, comecei a ter a estranha sensação de que eu era mais baixo que a cadeira de balanço de Elliot. Logo percebi que eu não conseguia responder ao meu amigo. Eu lati! Por Deus, eu estava latindo! Eu não tinha tomado água e sim aquela poção que Copérnico lambeu! Eu estava no corpo de um cachorro! Eu não sabia o que fazer! O que fazer para voltar ao normal?!
Girei a cabeça e vi a máquina do tempo. No mesmo instante pensei em voltar alguns minutos no tempo e assim evitar aquele terrível engano. Entrei na máquina e ajustei os controles para dez minutos antes. Pensei que esta seria a minha salvação.
Não sei o que saíra errado, mas eu voltara para o ano de 1958 e estava no meio de Seattle, em Washington. Ali perto havia um rapaz de mais ou menos dezesseis anos, sentado na calçada. Ao seu lado um violão. Ele estava com o rosto cansado e com alguns documentos no chão. Cheguei perto do violão e me deu uma vontade louca de tocar o instrumento. Como? Só havia um jeito: comecei a tocá-lo com os dentes. O rapaz parecia não ter entendido. Pelo menos não deve ter gostado, porque arrancou o violão de mim e saiu dizendo umas coisas que eu não compreendi. Fiquei olhando de longe. Ele parou. Olhou para trás e me fitou por uns instantes. Depois, pegou um lenço do bolso e passou pelas cordas, talvez para enxugá-las, afinal, um cachorro havia babado ali. Então, sem mais demora, ele passou os dentes pelas cordas e notou que saía um som. Repetiu e foi melhorando. Não demorou para atrair uma porção de gente a vê-lo fazer aquilo: ele tocava com os dentes perfeitamente.
Bem, aquela imagem foi se apagando, todos se transformaram em vultos até que por um breve movimento eu retornava à sala do Dr. Sputnik. Consegui tomar de novo a poção e fiz com que Copérnico também contribuísse com a sua parte. Retornei ao meu corpo e voltei para casa para escrever esta história magnífica que me acontecera.
Notaram? De fato eu participei da história da música, pois não revelei ainda a vocês o nome que estava nos documentos daquele jovem: Johnny Allen Hendrix, também conhecido por Jimi Hendrix! Pai da guitarra e dos acordes, da melodia e da harmonia, dos riffs e solos! E imaginar que um cachorro pode inspirar a música, hein! Agora vou embora. Conhecer mais cientistas para ver se consigo fazer outras histórias! Porque, afinal, nada é por acaso. Tchau!
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