domingo, 2 de dezembro de 2012

A Procura



Estava correndo e sentia ser perseguido. Minha visão parecia cobrir-se por um líquido qualquer. Mais adiante, achei um espelho, que estava um pouco quebrado. Para chegar ao artefato, tive que andar sobre cacos de vidros, machucando meus pés. Peguei o que sobrava do espelho. O líquido espesso escorria pelo meu rosto. No reflexo da minha imagem, notei que havia um projétil preso em minha testa. Era isso! Fui alvejado e nem me dera conta, talvez por causa da ânsia pela fuga.

Continuei andando. Tentei extrair aquele corpo estranho de minha cabeça. Desmaiei. Algum tempo depois, acordei. Instintivamente, continuei correndo. Eu ouvia vozes, que não paravam de me perturbar. Com visão turva, pude divisar, a uns vinte passos dali, uma maleta escura. Abri-a. Dentro dela havia documentos de um tal de Elliot e um velho revólver, carregado com três balas e com capacidade para mais três. Guardei os pertences comigo. Continuei a minha trajetória.

No caminho recolhi folhas de bananeiras, madeira e cipós. Quando chegou a noite, acendi uma fogueira. Afiei uma pedra, fiz com ela uma lança e fui caçar. 
Deparei-me com uma onça. Parecia dormir profundamente. Tentei cortar-lhe a cabeça. Entretanto, o animal rolou e dei de cara com seus olhos arregalados sobre mim. Dei um salto para trás e percebi que havia um furo no canto esquerdo de sua boca. Estava morta! Retirei a região que a bala havia acertado e, comparando a espessura e peso, confirmei que era igual as balas que eu encontrara no revólver. Peguei algumas partes da carcaça do animal e voltei ao acampamento.

Preparei alguns nacos daquela carne e assei-os para matar a fome daquele dia. Fui rever os documentos e dessa vez recordei-me daquele nome. Era o meu! Mas como não reconheceria meu próprio nome?! Estava confuso. Fiz um abrigo. O teto de folhas de bananeira, paredes de madeira, cipós para amarrar tudo e algumas folhas que sobraram para deitar-me e dormir. Comi a carne assada e cai no sono, com muito sangue escorrendo.

No dia seguinte, o ferimento da minha testa tinha desaparecido. Saindo do abrigo, espantei-me. Haviam esqueletos humanos espalhados por todo acampamento. Alguns minutos depois, o chão rompeu-se e tudo começou a ser sugado para dentro do solo. Peguei a arma e tentei fugir; não tive tempo. Chegando ao que parecia o "Mundo dos Mortos", muitos esqueletos se levantaram e reuniram-se em volta de mim, dizendo:

-Aqui tem o que você procura. - Saquei a arma, porém, não tiveram medo. Afinal já estavam mortos!

-Você acha que nos destruindo irá salvar-se e reencontrar sua mãe, Elliot? - 
Como sabiam meu nome? Conheciam-me e já estavam mortos! De repente, lembrei: aquelas vozes eram da minha família. Mas, como eu fui parar naquele lugar horroroso se ainda estava vivo?!

-Não, você está morto, filho. - Mãe! - exclamei, surpreso - Mas, como?! Como eu morri?! - O acidente na floresta, não se lembra? Você estava paralisado, na frente da onça, quando um caçador inescrupuloso atirou. Matou os dois, com uma bala em cada um. Bem, não tem mais por que fugir. Vamos embora. Nosso lugar é outro, agora! 


quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Como Fazer um Conto!



Hoje vou contar como se faz um conto. Só para a sua informação, leitor, eu sei sobre contos tanto quanto você sabe sobre etrusco. O meu editor me contou que eu tinha que escrever sobre contos, então iniciei uma crônica para contar o quanto eu sei sobre os contos. Afinal, eu escrevo crônicas, e se o senhor leitor não conhecer contos, talvez acredite nas bobagens que vou contar agora. Bem, vamos lá!

O fator principal de um conto é a "perfumaria". Sim, senhor, o conto é nada mais nada menos que uma fábrica de "encheção de linguiças". Nos tempos de escola, o professor de redação vai tentar mostrar que o conto é felicidade, criatividade e descrição (sinônimo de "encher linguiça") e vai te dar mil planilhas de preenchimento sobre caracterização de personagens, de espaço, tempo e coisas mais bobas que essa  crônica, e se você leu o texto até aqui, você não deve estar em seu juízo normal.


Depois de alguns meses preenchendo as planilhas, você (se estiver fazendo redações escolares ainda) já terá repetido de ano, pois não entregara nenhuma redação após aquela praga chamada conto, que você ainda está escrevendo. Porém, continuando, agora você escolherá o tema, e depois pensar em outro que seja realmente bom, pois o conto, além de ser trabalhoso, é insatisfeito também, isto é, ele não aceitará um tema abaixo de seu nível cultural.

Agora que você já tem seu tema e já foi expulso da escola por conta de repetir três em redação, há um pouco mais de tempo e calma para você trabalhar direito e voltar às aulas numa escola pública, pois as particulares não vão te querer mais. Faça o início, depois o fim, pois assim você terá um bom desfecho para o  seu conto e não encherá mais linguiça ainda! Ah! E não faça um conto muito longo, pois não sabemos até que parte do texto o seu futuro professor de redação lerá...

Agora você já sabe porque eu escrevo crônicas!!!