segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Curiosidades Mágicas





Depois de conseguir a bolsa secreta do seu ilusionista favorito, Tim retorna a casa e se tranca em seu quarto, eufórico, pois sua imaginação viajava longe com os segredos que supunha revelar.

Depois de muito vasculhar, encontrou papéis, varinhas, caixas, compartimentos secretos, até mesmo pós e substâncias que iam muito além de mágicas de apresentação. Ele estava diante de um arsenal completo para a realização de magias e feitiços. Um prazer sobrenatural correu por todo o corpo de Tim, colocando nele um sorriso irreconhecível. Vasculhando um pouco mais ele encontrou uma das mágicas que pensava ser capaz apenas em histórias de super-heróis: a capacidade de correr na velocidade da luz.

Os dias foram se passando e Tim se divertia muito com todas aquelas mágicas, sempre as realizando furtivamente para não despertar suspeitas. O que mais o divertia não era a possibilidade de ser reconhecido como mágico, mas ver o efeito das mágicas propriamente.

No dia anterior, havia enfeitiçado um barco que agora voava. Incrível! E naquela manhã mesmo, fez a lua, que ainda se exibia no céu azul, aparecer completamente marrom! Ele tinha descoberto inclusive o poder de modificar elementos da natureza. Tim estava radiante! Mas, como o ser humano nunca fica satisfeito, essas descobertas todas já o estavam entediando.

Ao final do dia, logo depois da escola, Tim se fecha outra vez em seu quarto, pega a bolsa mágica e a vira de cabeça para baixo. Cai tudo em cima da sua cama, não fica nada lá dentro. Entretanto, ele notou que na base inferior da bolsa havia algo compacto, duro, e não era somente um protetor para o fundo. Foi tateando por dentro dela até que encontrou um pequeno fio que ao ser puxado, abria um compartimento secreto que ele ainda não conhecia. Exultou! Abriu-o devagar, de repente, começou a ouvir vozes, primeiro uns gemidos, depois gritos de pavor, horrorosos, quando a aba se abriu completamente, ele viu fogo saindo lá de dentro. Mas não queimava. Era como uma visão.

Tim colocou sua mão dentro do compartimento recém descoberto e retirou um feixe de cartas de baralho em formato triangular. Ele olhou para o pacote e depositou-o sobre uma mesa que havia ao lado da sua cama. Tim novamente voltou-se para ver se achava algo mais lá no compartimento. Não encontrou nada. Quando ele levanta os olhos em direção do baralho, ele fica petrificado. Seus olhos diziam, mas ele não acreditava: a mesa estava flutuando pelo quarto todo.

O jovem aprendiz começou a procurar freneticamente pelos seus livros de magia para tentar entender o fenômeno. Não achou nada que mencionasse o estranho acontecido. Correu para o computador e navegando pela internet encontrou uma página muito soturna sobre bruxaria e ali mesmo, com um pouco de pesquisa, achou tudo que precisava saber para dominar aquela magia. Hesitou por alguns minutos. Pegou novamente o baralho e notou uma combinação de palavras quando ajeitava as cartas como um quebra-cabeça. Pôs-se em posição solene, ergueu os braços, decorou a frase contida no baralho e começou a recitá-la com os olhos fechados. Passado um tempo curto, ele percebe um clarão entrando pela fresta da janela. Aproxima-se e não acredita no que vê: uma luz completamente branca e translúcida toma conta de tudo, como se engolisse tudo que há no mundo. Tudo foi se apagando, desaparecendo, até ficar apenas um cenário desolador completamente neutro. Tudo claríssimo demais, os olhos doíam. Não se avistava a linha do horizonte, o céu e a terra se misturaram, era tudo uma coisa só.

Desesperado, saiu de casa e constatou que apenas a sua casa existia. Seus pais haviam desaparecido, amigos, vizinhos, a escola, as ruas, lojas, parque, praça, árvores, cachorros... Tudo sumiu. Não havia ninguém ou coisa alguma na cidade. Como se nunca tivessem existido. Nem sinal de ruínas. E o ar denso, pesado. Tim pensou: deve ser assim o fim do mundo. Completamente aborrecido, desolado, ele voltou a casa, sentou-se no primeiro degrau que dava para a varanda e ficou ali, meditando e arrependido. A sensação de abandono e vazio ardia dentro dele. Foi assim que passou o resto da sua existência. “Maldita hora em que fui roubar aquela bolsa de feitiços!”, foi a sua última frase.
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Um comentário:

  1. a curiosidade matou o gato.
    no caso da magia, pode sumir pra sempre... mesmo que tenha sete vidas!

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