terça-feira, 20 de setembro de 2011

Malório, o cão convencido


                                                     O Cãovencido


“E o esperto cão estava lá, deitado na grama, em paz. Ele chamava-se Malório. Era um Husky Siberiano corajoso e atento, um verdadeiro cão de guarda que não havia comparação. Mas, na hora de tirar sua sesta na relva fresca, tornava-se o cão mais bicho-grilo da rua. Por ser um cão de guarda dos bons, Malório era o cão mais popular do bairro, deixando os outros cães com inveja.
Tinha muitos adversários como o Cochinho, um Bulldog Inglês, o Coni, um Poodle, e um rival que Malório nem considerava como tal, pois que era apenas um cão Basset, o menor cão da rua, chamado Salsinha.
Salsinha tinha ódio de Malório, porque nem sequer era considerado por ele um rival. Salsinha ia acumulando sua raiva a cada dia, a cada hora, a cada minuto, a cada vez que via o insuportável Malório passear. Todo dia, Malório passava pela sua casa e zombava do pequeno cãozinho salsicha. Até que um dia, a paciência de Salsinha esgotou-se. Ele decidiu vingar-se de seu inimigo zombeteiro. Ele ouviu dizer que as famílias do bairro iriam viajar por um final de semana e que os cães iriam cuidar das casas. Logo, Salsinha já tinha seu plano para aquele final de semana que seria lembrado por muito tempo na história daquele lugar.
Quando as famílias partiram de suas casas, Salsinha pegou um banquinho e conseguiu atravessar seu portão, dando um salto que até para ele foi espetacular. Passou de casa em casa dizendo que estava tramando uma zombaria com Malório, e já que todos os cães tinham um pouco de rancor por Malório, foi fácil convencê-los a participar.
O plano de Salsinha seria o de pôr um filé de carne suculento na rua e esperar que Malório viesse. Todos sabiam da armadilha e nenhum deles se atreveria a correr até lá para dar uma ‘cheiradinha’. O bife estaria preso por uma corda amarrada a uma árvore e atrás dela, Cochinho, o mais forte dentre a cachorrada, puxaria o cordão atraindo Malório até uma moita mais próxima. Lá atrás, já estariam outros que ajudariam a prender Malório pelas patas traseiras numa corda previamente colocada sobre um galho alto da árvore e puxariam-no, deixando-o de cabeça para baixo. Assim, Salsinha poderia latir bem alto em seu ouvido e nem conseguiria proteger-se com as suas orelhas enormes caídas em posição contrária.
Por fim, o plano de Salsinha deu muito certo. Todos aproveitaram para latir, ganir e uivar bem alto ao redor de Malório que, preso, nada podia fazer a não ser implorar que terminassem logo com seu sofrimento.
Depois desse acontecimento, Malório não criticava mais o Salsinha e até mesmos os outros cães passaram a respeitar mais aquele pequeno e astuto estrategista. Ficou provado do que Salsinha era capaz. Seu tamanho podia ser reduzido, mas a cabeça e a imaginação não tinham limites.”

Muitas vezes o menor de nossos inimigos é o mais terrível!

2 comentários:

  1. cuidado, Golias!
    Davi é pequeno, mas não é burro... rs
    a força pode até intimidar num primeiro momento; mas é a inteligência que vence. Porque ninguém é mais forte que todo mundo e se um não dá conta, sempre se pode contar com mais.

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